terça-feira, 5 de março de 2013

Glaucoma


Glaucoma: sintomas sutis, riscos reais

O glaucoma é uma doença ocular que afeta o nervo óptico, a estrutura dos olhos que leva as informações do que enxergamos para a área do cérebro que vai interpretar a visão.
Pela forma como age, pode ser definido como um ‘ladrão furtivo’: vai roubando a visão da pessoa sem que ela perceba. Quando os sintomas aparecem, o glaucoma já produziu danos significativos, com perdas de visão irreversíveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma está entre as principais causas de cegueira. No Brasil, estima-se que um milhão de pessoas tenha a doença.
Na grande maioria dos casos, o glaucoma está relacionado com o aumento da pressão intraocular, embora haja portadores da doença que têm essa pressão normal. Segundo a Dra. Erika Sayuri Yasaki, oftalmologista do Einstein, há dezenas de tipos de glaucoma, mas em linhas gerais eles podem ser classificados em primário e secundário. “O primário é mais comum acima dos 40 anos e normalmente é hereditário. O secundário pode ser resultado de outra doença ocular, alteração vascular ou processo inflamatório, entre outros”, explica a médica.
Não há cura para o glaucoma. Mas identificar o problema logo no começo faz toda a diferença. Nessa etapa, o tratamento é geralmente feito com colírios que atuam baixando a pressão ocular, permitindo interromper ou desacelerar o processo de dano do nervo óptico e perda de visão. Mas como na fase inicial o glaucoma não apresenta sintomas, o diagnóstico precoce depende, sobretudo, de check-ups anuais com o oftalmologista, particularmente para quem tem mais de 40 anos, antecedentes na família ou outras doenças oculares. “Quanto mais cedo for identificada a patologia, menor o risco de sequelas”, enfatiza a Dra. Erika.
“O problema para o indivíduo é que os sinais só aparecem quando a doença já avançou. Então a pessoa começa a enxergar menos ou a perceber os danos no campo de visão. Isso acontece porque o glaucoma afeta a quantidade de visão e o campo visual. Com o avanço da doença, porém, o campo visual vai ficando cada vez mais limitado.

Diagnóstico

De forma geral, o diagnóstico é feito durante a consulta oftalmológica, com exames e uso de equipamentos para medir a visão e a pressão intraocular, avaliar as características do nervo óptico e defeitos no campo visual. “A grande maioria dos casos é diagnosticada com a realização desses exames, mas há alguns quadros em que apenas o acompanhamento definirá se o paciente tem ou não glaucoma”, diz a especialista.
Glaucoma
Um aliado tecnológico mais recente é a tomografia de coerência óptica (OCT), que permite medir a camada de fibras nervosas (cuja perda se acelera no glaucoma) e as células ganglionares. Trata-se de um recurso que pode ser importante nos casos de acompanhamento da doença.
O tratamento mais frequente são os colírios hipotensores, que têm sido bastante aprimorados e atuam de maneira eficiente para baixar a pressão intraocular. Mas alguns casos exigem abordagem cirúrgica. Feitos com microscópio e microinstrumentos, esses procedimentos são chamados cirurgias filtrantes. É que, no glaucoma, ou o líquido natural dos olhos (humor aquoso) está sendo produzido em excesso ou a via de drenagem está deficiente. O objetivo da cirurgia é criar uma fístula, um caminho para o líquido escoar. No glaucoma de ângulo fechado é feito tratamento a laser. 
De acordo com a Dra. Erika, em termos de tratamento não cirúrgico há caminhos novos sendo trilhados, como a busca de drogas neuroprotetoras, já que estudos recentes sugerem que o glaucoma pode ser uma doença neurológica ou neurodegenerativa.
Ela provoca a morte de células ganglionares, que coletam informações visuais de outras células da retina, passam essas informações para suas extensões, os axônios, e destes ao nervo óptico e à área do cérebro que interpreta a visão. Esta, por sua vez, apresenta alterações em pacientes com glaucoma. “Drogas neuroprotetoras poderiam evitar a morte dessas células e promover um processo de regeneração”, diz a oftalmologista do Einstein.
É nessa linha também que se desenvolvem estudos com o uso de células-tronco. No entanto, são pesquisas ainda incipientes, em fase experimental em animais.
De qualquer forma, todas essas são perspectivas positivas para o futuro. Mas, mesmo que se tornem realidade, ainda assim sempre é mais interessante a prevenção com consultas ao oftalmologista que poderá descobrir se o ‘ladrão’ glaucoma já está, furtivamente, começando a roubar a visão do paciente.
Publicado em 30/08/2012
Fonte:http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/glaucoma-sintomas-sutis-riscos-reais.aspx

Entendendo a síndrome de Asperger


Entendendo a síndrome de Asperger

Criança com as mãos na boca, parecendo chateadaCrianças com dificuldade de sociabilização, linguagem rebuscada para a idade, atos motores repetitivos (tiques) e interesses muito intensos e limitados apenas por um ou poucos assuntos podem ser portadoras da síndrome de Asperger, transtorno do desenvolvimento que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino. Suas causas são desconhecidas, mas, como se trata de um distúrbio congênito, há estudos em andamento que procuram estabelecer a relação com alguma desordem genética.
O primeiro trabalho sobre a síndrome foi feito pelo psiquiatra e pediatra austríaco Hans Asperger, mas permaneceu praticamente desconhecido. O reconhecimento internacional ocorreu somente em 1994, quando foi incluída pela primeira vez no DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o manual de diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais, organizado pela Associação Americana de Psquiatria. Por se tratar de uma patologia recentemente descrita, não existem dados confiáveis sobre a incidência.
A partir de 2013, a síndrome de Asperger deixa de ter essa denominação e passa a ser classificada no DSM como uma forma branda de autismo – uma recomendação que deverá ser mundialmente adotada. Diferentemente do autismo clássico, porém, quem tem Asperger não apresenta comprometimento intelectual e retardo cognitivo. Por isso os primeiros sinais e sintomas do distúrbio costumam ser ignorados pelos pais, que os atribuem a características da personalidade da criança.
"Muitos portadores da síndrome possuem, inclusive, QI acima dos índices normais. E o fato de terem habilidade verbal muito desenvolvida, com um vocabulário amplo, diversificado e rebuscado, reforça nos pais a ideia de que seus filhos são superdotados", diz Walkiria Boschetti, neuropsicóloga do Einstein. O foco exagerado sobre um assunto específico – como automóveis, aviões ou robôs, por exemplo – é outro sintoma característico da síndrome interpretado de forma inadequada pelos pais e familiares, que acabam incentivando a restrição de interesses dessas crianças, oferecendo apenas presentes relacionados ao tema.

Diagnóstico

Os sinais e sintomas da síndrome de Asperger podem aparecer nos primeiros anos de vida da criança, mas raramente são valorizados pelos pais como algo negativo, especialmente se as manifestações forem leves. A grande maioria dos diagnósticos da síndrome de Asperger é feita a partir da fase escolar, quando a dificuldade de socialização, considerada a característica mais significativa do distúrbio, manifesta-se com maior intensidade, juntamente com o desinteresse por tudo que não se relacione com o hiperfoco de atenção. "O que efetivamente chama a atenção dos pais são os sintomas associados ao isolamento social, inadequação de comportamentos ou manifestações de ansiedade, depressão ou irritabilidade", diz Sandra Lie Ribeiro do Valle, neuropsicóloga do hospital.
Usualmente, os primeiros relatos sobre os problemas observados são feitos ao pediatra, que poderá encaminhar a criança aos médicos especialistas para uma avaliação mais profunda e detalhada. Não existem exames laboratoriais ou de imagem destinados à confirmação do diagnóstico. "Hoje, o principal instrumento para essa finalidade são os testes aplicados por neuropsicólogos, que por meio de tarefas propostas à criança observam e avaliam aspectos cognitivos e comportamentais, como memória, atenção e habilidades sociais", diz o Dr. Fabio Sato, psiquiatra da infância e adolescência da Clínica de Especialidades Pediátricas do Einstein, instituição que aplica um extenso e detalhado protocolo para diagnóstico e tratamento dessa patologia. Segundo ele, o Brasil ainda carece de uma padronização na abordagem diagnóstica dessa patologia, uma vez que ferramentas como a AD (questionário utilizado em entrevistas com os pais) e a ADOS (questionário para entrevistas com as crianças) ainda não foram validadas aqui, embora o uso já esteja consagrado nos Estados Unidos e na Europa.
Quem tem síndrome de Asperger tende a apresentar alterações nos testes de avaliação de reconhecimento de emoções e nos que analisam a capacidade de inferir o que os outros estão pensando. "São pessoas que têm extrema dificuldade em entender o que pensam e sentem aqueles que os cercam, a menos que essas emoções sejam explicitamente demonstradas e explicadas a eles. Também são inflexíveis, por isso prendem-se a regras e não conseguem agir com flexibilidade, conforme cada situação", explica Sandra Lie Ribeiro do Valle.

Tratamento multidisciplinar

São envolvidos médicos, neuropsicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos, uma vez que os indivíduos possuem alterações na fala (erros de prosódia, por exemplo, quando o indivíduo faz a transposição do acento tônico de uma sílaba para outra). "Basicamente, a terapia se baseia em transmitir as habilidades e recursos para as manifestações características, em especial a dificuldade no convívio social. Ele deve ser feita a longo prazo, já que se trata de um distúrbio crônico", explica Walkiria Boschetti. Medicamentos são utilizados apenas para tratar sintomas decorrentes dessas manifestações, como ansiedade, depressão e irritabilidade.
Quem tem Asperger e chega à vida adulta sem diagnóstico ou tratamento adequados pode enfrentar sérias dificuldades de relacionamento na vida pessoal, escolar e profissional. "Além disso, trata-se de um risco para o desenvolvimento de outros problemas, como o transtorno bipolar", adverte o Dr. Fabio Sato. Portanto, quanto mais precoces e precisos forem o diagnóstico e o tratamento, maiores serão as chances de a criança com Asperger desenvolver comportamentos mais saudáveis, tornando-se mais sociáveis, flexíveis e independentes.
Publicado em 14/02/2013
Fonte:http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/entendendo-a-sindrome-de-asperger.aspx